Microbactéria fóssil (ampliação colorizada)
|
Todos
os seres vivos possuem um código genético. Ao tomar como verdadeira
essa afirmação, a maioria dos biólogos também acredita que toda a vida
existente na Terra descende de um único ancestral, um ancestral representativo
de todos os seres vivos e que pode ser chamado de o último antepassado comum
universal.
Para
confirmar essa tese, podemos recorrer à anatomia comparada para observar
características comuns entre os organismos vivos, e entre esses organismos e os fósseis. Ou seja, ao estudar a forma e a
estrutura dos seres vivos, percebemos que existem estruturas aparentemente
diferentes, que desempenham funções distintas, mas com estruturas internas
similares. Essas ocorrências são conhecidas como estruturas homólogas, e os membros dos vertebrados são um bom exemplo
disso.
Padrão básico
Podemos
comparar os membros superiores do ser humano com as nadadeiras anteriores de
uma baleia, as patas anteriores do cavalo e as
asas de um morcego. Ao observar a estrutura óssea desses
membros, percebemos que todos possuem um padrão básico, apesar de desempenharem
diferentes funções: segurar as coisas, nadar, correr e voar. Os órgãos
diferentes desses organismos que compartilham de uma estrutura básica indicam
que há um ancestral comum a todos eles.
Existem
também estruturas superficialmente semelhantes que desenvolvem uma mesma função
(as asas de uma borboleta e as asas de uma águia são bons exemplos); essas
estruturas são conhecidas como análogas,
o que indica que existem “vários caminhos” para resolver um mesmo problema.
Parentesco
evolutivo
Ao
observar o desenvolvimento embrionário dos vertebrados podemos constatar que
todos têm um padrão básico de desenvolvimento, o que é mais um indício do
parentesco evolutivo existente entre eles.
E
se quisermos fundamentar um pouco mais essa linha de raciocínio, basta lembrar
que as modernas pesquisas na área da genética tornaram possível observar a
semelhança molecular entre os seres vivos, traçar histórias evolutivas das
espécies e estabelecer relações de parentescos entre as espécies de seres
vivos.
A vida na Terra
Nosso
planeta teve origem há cerca de 4,6 bilhões de anos e a existência da Terra
está dividida em eras geológicas. O período desde a formação do
planeta até 570 milhões de anos atrás é conhecido como era Pré-cambriana e foi
no início desse período que surgiram moléculas com capacidade de
autoduplicação, responsáveis por anunciar a origem vida.
A
atmosfera terrestre possuía uma composição diferente da atual. Acredita-se que
era composta pelos gases metano, amoníaco, hidrogênio e vapor de água. As fortes descargas de relâmpagos e os raios
ultravioleta irradiados pelo sol teriam promovido uma grande variedade de
reações químicas na atmosfera, levando ao aparecimento, entre outras, de
moléculas orgânicas simples, como alcoóis, aminoácidos e açúcares.
Tais
moléculas teriam sido arrastadas pelas chuvas da atmosfera até os mares. Nesse
novo ambiente, teriam se reunido e formado moléculas orgânicas mais complexas,
as chamadas proteínas. Estas, por sua vez, convivendo em meio ácido formaram
aglomerados hoje conhecidos comocoacervados ou, estimuladas pela variação da temperatura,
reuniram-se, formando pequenas gotas conhecidas como microsferas.
Tanto
os coacervados como as microsferas são detentores de proteínas enzimáticas
associadas a um tipo de molécula originada nas atmosferas primitivas, o ácido
nucléico. Esses aglomerados podem ser considerados o primeiro exemplo de ser
vivo, pois se acredita que teriam capacidade de se metabolizar, se reproduzir e
transmitir hereditariedade, desenvolvendo com isso a aptidão para evoluir.
Várias teorias
Outras
explicações sobre a origem da vida também são aceitas. Para alguns cientistas,
as moléculas precursoras da vida foram formadas no fundo dos mares, em regiões
de água aquecida pela lava das erupções vulcânicas. Essa água, rica em gás
sulfídrico, é utilizada por um tipo de bactéria para produzir alimento. Além
disso, ao se reproduzir nesse meio, tais moléculas estariam protegidas das
intempéries, dos meteoros e dos efeitos da evaporação.
Podemos,
ainda, acreditar que as primeiras moléculas orgânicas tenham caído na Terra a
bordo de cometas e meteoros. Assim, uma parte da comunidade científica acredita
que as moléculas orgânicas teriam ficado grudadas à argila, formando
concentrados de moléculas que em interação produziram novas moléculas orgânicas
capazes de se duplicar.
Da
análise desse quadro, pode-se concluir que os primeiros seres vivos deveriam
ser bastante simples e, na verdade, existem ainda hoje algumas bactérias
denominadas arqueobactérias (arqueanas) que são capazes de viver em locais
ermos como fontes de água quente, lagos salgados e pântanos. Acredita-se que as
arqueanas seriam os seres que mais se assemelham aos primeiros seres vivos,
embora sejam bem mais complexos que estes. Esses seres primevos cresciam e
partiam-se em pedaços capazes de manter as características originais,
perpetuando assim sua linhagem e conseguindo se reproduzir.
Alguns
cientistas acreditam que os primeiros seres vivos, que se alimentavam das
próprias substâncias orgânicas que lhe propiciavam formação, eram seres heterótrofos, pois não conseguiam produzir seu próprio alimento.
Outros pesquisadores acreditam que eles obtinham energia a partir de reações
químicas, fabricando suas próprias substâncias a partir das substâncias
inorgânicas.
Atualmente,
existem seres capazes de sobreviver em regiões inóspitas como fontes de águas
quentes e vulcões submarinos, que igualmente utilizam o processo citado para
obtenção de energia, são os seresquimiolitoautótrofos.
O papel da
fotossíntese
O
aparecimento da fotossíntese, a produção de alimento a partir de
substâncias inorgânicas simples utilizando-se da energia radiante (luminosa),
foi um passo importante e decisivo na história da vida na Terra. Acredita-se
que inicialmente a fotossíntese tinha como reagentes o gás carbônico e o
sulfeto de hidrogênio, como ocorre nas sulfobactériasatualmente.
Na
presença da luz, as sulfobactérias primitivas eram capazes de transformar o gás
carbônico e o sulfeto de hidrogênio em glicose, enxofre e água. Posteriormente,
surgiram seres capazes de aproveitar a água nesse processo, eles seriam os
ancestrais das cianobactérias.
Quando
isso ocorria, a fotossíntese se processava tal como na maioria dos casos hoje,
ou seja, na presença da luz esses seres eram capazes de transformar gás
carbônico e água em glicose e gás oxigênio. Como a Terra possuía uma grande
disponibilidade de água, esses ancestrais das cianobactérias puderam se
espalhar pelo planeta.
Essa
proliferação foi tão grande que a atmosfera terrestre foi modificada em razão
do acumulo do gás oxigênio produzido nessa reação. Outras condições do ambiente
terrestre também foram modificadas. O oxigênio reagiu com os gases da
atmosfera, que oxidou os metais, os quais passaram a se depositar no fundo dos
mares e rios, e reagiu também com os compostos orgânicos degradando-os,
causando um grande impacto ambiental.
Oxigênio e oxidação
Apesar
do efeito destruidor do oxigênio, determinadas formas de vida foram capazes de
sobreviver. Algumas espécies haviam desenvolvido a capacidade de se proteger
contra a oxidação promovida pelo oxigênio. Alguns seres adaptaram-se às novas condições
e passaram a utilizar a oxidação como uma forma de desmontar, de quebrar as
moléculas orgânicas de alimento.
O
controle da oxidação da matéria orgânica garantia a obtenção de energia e assim
surgiu a respiração celular. A respiração celular é uma reação química, inversa
à reação de fotossíntese, que ocorre na grande maioria dos seres vivos atuais.
O
gás oxigênio presente na atmosfera também sofreu transformação formando o gás
ozônio, que deu origem à formação da camada de ozônio, responsável pela redução
da passagem de raios ultravioleta, nocivos aos seres vivos.
Procariontes e
eucariontes
Os
primeiros seres vivos eram provavelmente muito simples e assemelhavam-se aos
procariontes atuais (seres unicelulares de estrutura mais simples, com material
genético livre no citoplasma, sem um núcleo individualizado). Depois, com o
passar do tempo, surgiram os seres eucariontes (indivíduos que possuem
estruturas celulares mais complexas, com material genético separado do
citoplasma por uma membrana nuclear, formando um núcleo verdadeiro).
Acredita-se
que esse tipo de célula surgiu a partir das células procariontes por intermédio
de determinados processos, enquanto outras, chamadas de organelas celulares,
como a mitocôndria e o cloroplasto, surgiram a partir da invasão e consequente
permanência de bactérias no interior das células primitivas.
Por
sua vez, as células eucariontes podem ter passado a viver reunidas em colônias,
formando os primeiros indivíduos formados por múltiplas células, os chamados
pluricelulares. Os seres que viviam nessas colônias começaram a dividir “o
trabalho” de realização das funções vitais e, dessa forma, aparecem as
diferenciações dos tecidos celulares.
História geológica
e seleção natural
Do
que foi dito até agora, podemos observar que as moléculas orgânicas se
organizaram dando origem às células, que em conjunto formaram os tecidos,
responsáveis pela constituição dos órgãos, que, por sua vez, se reúnem para
desempenhar uma função.
Já
os diferentes conjuntos de órgão desempenham as várias funções vitais
necessárias à sobrevivência de um organismo, de um individuo de uma determinada
espécie, enquanto a junção de vários organismos de uma mesma espécie formam uma
população.
Na
mesma sequência, o conjunto formado pela parte inanimada do ambiente (solo,
água, atmosfera) e pelos seres vivos das diferentes populações que ali habitam
recebe o nome de ecossistema. Por seu turno, o conjunto de todos os
ecossistemas é conhecido como biosfera, a parte do planeta ocupada pelos seres
vivos.
De tudo isso,
podemos afirmar que a história da vida na Terra está intimamente ligada à sua
própria história geológica, pois ocorreram diversas alterações ambientais que
favoreceram alguns seres em detrimento de outros, processo que se convencionou
chamar de seleção natural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário